18.9.11

umdê e umése



Podiam simplesmente ficar assim; intactos e serenos. Não interessava onde, não interessava quanto tempo teriam de se aturar um ao outro nem quanto tempo teriam que ficar calados. Eram discretos, nada com intimidades demasiado expostas até porque com um simples sorriso encaixado e um olhar perfeito se completavam. Ela alinhava. Ela ficava seja onde fosse com ele, até que a vontade de ir embora lhes batesse à porta. Ele não se importava de ficar calado até porque eram os silêncios durante horas que os uniam. Não era preciso explicar, eles sentiam.
Falar pouco seria então uma virtude, não era preciso 24 horas sob 24 horas juntos, bastava um passo apressado, um batimento alterado, um toque de pele, um beijo na testa, uma última vez olhar para trás, um desejo às estrelas e era o idealizado com o realizado.

12.9.11

maybe .


Amar não é sufocar, amar é proteger.
Amar não é desfocar, amar é consertar
.

aguenta hoje.


A tua voz já é tão habitual como o ar que respiro. Os teus sermões já são tão banais como a alimentação que me nutre. E aos poucos a tua filosofia amorosa começa a irritar cada veia que percorre o meu corpo. A paciência esgota-se e a calma anula-se. O céu escurece e as nuvens choram. 
Ninguém disse que era fácil . Mas eu também não disse que conseguia aguentar.

deste lado.


Apesar de pensares que perdi o meu mundo, aquele que ninguém conhece e que eu mesma só o conheço parcialmente, estás redondamente enganado. Ele vive comigo, dentro de mim, e arrastar-se-á sempre comigo. Vem assim que o sol se põe, de pé ligeiro sem me assustar. Envolve-me numa outra dimensão, sem ti e sem as outras personagens. Sem acessórios, apenas eu. 

vida, começa a reagir.



Esfrego os olhos , e tento voltar á realidade mas hoje um nevoeiro fechado decidiu baralhar-me as ideias. Minha querida Vida real aí tão longe pareces-me tão complicada, precisas de ser consertada ou simplesmente arejada ? Pressinto que necessitas de um bom abanão, ou então apenas que te limpem as teias de aranha que se vão acumulando com o percurso de cada ser que por ti passou. Talvez precises dum amparo, dum abraço e dum beijinho na testa. Pareces tão cansada. Escondeste das pessoas, tornaste-te submissa e ninguém dá pela tua existência. Estás tão fraca - óh se estás Vida! Precisas dum raio de sol, de um luar estrelado. Precisas que alguém ocupe o lugar que tens há já algum tempo guardado. Tens de ter como melhor amigo o Tempo. Pode ser que te traga novos e melhores estímulos. Aguarda, e aprende a cultivar, para mais tarde colher, e para que no fim possas desfrutar e saborear o fruto que tanto trabalho te deu para conquistar. Àh, e não te esqueças de reagir mesmo que o Fruto não dê sinal de chegada, sabes que a Terra não é o único factor, existem muitos mais, mas com o tempo irás descobrir-los porque o tempo que gostas de perder não é tempo perdido : lembra-te ! 

11.9.11

vazio, voltaste ?



Hoje, abri os olhos, pus-me de rosto ao sol e não existia cor. As nuvens estão vazias, o vento está disperso e tu desapareces-te. As coisas nunca foram fáceis de resolver, não podemos dar cor ás coisas não sendo os artistas das próprias, mas a verdade é que nada é impossível.
O próprio artista pode desistir da sua arte por ela já não fazer sentido, e acabar por abandoná-la e colocá-la no lixo. Mas pensa e ouve : não pares de sonhar alto porque tu sabes que um dia chegarás à felicidade máxima, pois tudo é possível. Aí, apenas te irá ficar na mente que o tempo passado valeu a pena e que ficará sempre os bons momentos da sua "pequena arte'' - 


" Pega no telefone e liga-lhe, não tens nada a perder. Diz-lhe que tens saudades dele, que ninguém te faz tão feliz, que os teus dias são secos, frios e áridos, como um deserto imenso, sem oásis nem miragens, sempre que não estão juntos. Pega no telefone e liga-lhe. Se ele não atender, deixa-lhe uma mensagem. Ou então escreve-lhe uma mensagem a dizer que queres estar com ele. Não te alongues nem elabores, os homens nunca percebem o que queres deixar cair nas entrelinhas. Tens de ser clara, directa, incisiva. E não podes ter medo, porque o medo é o maior inimigo do amor. Cada vez que deixares o medo entrar-te nas tuas veias, ele vai gelar-te o sangue e paralisar-te os nervos, ficas transformada numa estátua de sal e morres por dentro. 
A vida é uma incógnita, hoje estás aqui, amanhã podes ficar doente, ou cair-te um piano em cima quando fores a andar na rua. Ainda há pessoas que atiram pianos pela janela, sabias? Nunca se sabe como será o dia de amanhã, por isso não percas tempo: pega no telefone e liga-lhe. Tenho a certeza que ele te vai ouvir, tenho a certeza que ele te vai ajudar, tenho a certeza que ele, à sua maneira - e é tão estranha a forma como os homens gostam de nós - ainda gosta de ti. Mesmo que já não te ame, ainda gosta de ti, como tu vais aprender a gostar dele, quando a vida te obrigar a desistir deste amor. Ele está longe, mas olha por ti por entre memórias, presentes e flores. À noite, entre sonhos alterados pelo álcool, tu apareces-lhe na cama e ele volta a sentir o cheiro da tua pele e volta a amar-te com todas as suas forças. Ainda que não acredites, tu viverás para sempre nele, tal como ele vive em ti, na memória das tuas células, num passado que pode ser o teu escudo, mesmo que não seja o teu futuro.
Pega no telefone e liga-lhe. Fala com ele de coração aberto, diz-lhe que o queres ver, chora se for preciso, pede-lhe que te diga se sim ou se não. Se for preciso, por mais que te custe, pede-lhe para te escrever a palavra NÃO. Pede-lhe uma resposta para o teu coração. Mais vale saberes que acabou tudo do que viveres com as laranjas todas no ar, qual malabarista exausto, sem saberes nem como nem quando elas vão cair. Mais vale chorar a tristeza de um amor perdido do que sonhar com um oásis que se transformou numa miragem.
Pega no telefone e liga-lhe. Liga as vezes que forem precisas até conseguires uma resposta, a paz de uma certeza, mesmo que essa certeza não seja a que desejavas ouvir. Mas não fiques quieta, à espera que a vida te traga respostas. A vida é tua, tens de ser tu a vivê-la, não podes deixar que ela passe por ti, tu é que passas por ela. E quando todas as laranjas caírem, apanha-as com cuidado, guarda-as num cesto e muda de profissão. O circo é para quem não tem casa nem país, não é vida para ninguém. Guarda as laranjas num cesto, leva-as para casa e faz um bolo de saudades para esquecer a mágoa. E nunca deixes de sonhar que, um dia, tal como eu, vais encontrar alguém mais próximo e mais generoso, que te ensine a ser feliz, mesmo com todas as pedras que encontrarem no caminho.
Larga as laranjas e muda de vida. A vida vai mudar contigo." Margarida Rebelo Pinto .

8.9.11

peço-te.


que não me dês sentido para chegar ao fim.

não apareceste.



Esperei pela tua voz e nem um eco dela obtive. Esperei por ti ao fundo da rua até que a noite acabasse e ainda assim não te vi. Prometes-te que virias e que me darias o céu e as estrelas. Disseste para fazer as malas, que iríamos viver no nosso próprio mundo, á nossa maneira, com o nosso amor. Eu estive lá, na nossa rua, à hora que tinha-mos combinado.... Esperei por ti mas tu não apareceste. 

E aquando por fim caí em mim, a lua deu-me sinal para abrandar o ritmo cardíaco, baixar os braços e ir para casa. Assim fiz.

Espero encontrar-te nas memórias,
Sejam elas tristes ou simples vitórias.

6.9.11

constantemente.


Magoas-me constantemente com essas palavras ditas sem qualquer tipo de verdade.

4.9.11

nada mudou.



Tudo está em seu lugar!
Até parece que o tempo se esqueceu
De ser tempo
De cumprir o calendário.
As noite deram lugar aos dias
E os dias guardaram
O tempo das noites.

Nada mudou
Tudo está em seu lugar.
O mesmo sorriso em tua boca
Eu vejo.
A serenidade do teu olhar
Eu sinto.
A doçura que trazes no peito
Eu pressinto.
As tuas mãos
Delicadas,
Brancas,
Macias,
Tocam-me do mesmo modo
Do mesmo jeito,
Como a noite ao encontro do luar.

Sim amor, nada mudou. Tudo está em seu lugar. 

desabafo das quatro e meia da manhã.


Tenho a certeza que um dia irás parar, não parar com os pés mas parar com o coração, com esse batimento cardíaco, com essa mente pouco inteligente e verás ao teu redor que nada fez sentido. E certamente não terás respostas aos porquês das tuas acções, aliás como nunca tiveste. Vives numa incógnita que tu próprio construíste, e ao longo do tempo tornaste-te no actor de ti mesmo. Nunca sabes de nada e pelos vistos nem tens intenções de o saber. Essa descontracção em relação àquilo que te rodeia só esbatesse a tua personalidade, tira a tua essência, e deixa-te á deriva. Mas já devidas saber que isso de andar sem rumo nem sempre é bom: deixarás de saber quem és na verdade e isso eu não quero que te aconteça porque apesar de já não te amar ainda gosto de ti. Só espero que no dia que pares racionalmente te lembres de mim. Não como aquela que fizeste tanto sofrer mas como aquela que mais te amou. Irás sentir que poderias ter mostrado mais daquilo que dizias em meras palavras, que poderias ter dado mais daquilo que o teu olhar transparecia. Quando então sentires o arrepio na espinha por veres a minha fotografia, o forte brilho sem álcool, o arrependimento vai-te subir às veias. A cama onde te deitas todos os dias, vai deixar de te dar preguiça matinal. A ironia com que falas para os mendigos vai deixar de ser cruel. O rigor como olhas para os outros com ar superior, vai invadir-te. E quando te sentires um deles, talvez percebas que a vida não é como tu queres. Fizeste as tuas escolhas, quer dizer, nem forem bem feitas por ti porque como em tudo, deixas que o vento te traga as soluções e não mexas nem numa cor para fazer o arco-íris da tua vida. Diz-me então como queres ser feliz se tu próprio nada fazes. Acredita que se eu te deixei, foi porque tu não me seguraste. Se eu desisti, foi porque tu não me deste mais motivos para lutar. E mesmo que um dia passes por mim, passarás despercebido como inúmeras pessoas que por mim passam diariamente e mesmo que me chames certamente não irei reconhecer a tua voz. E se ainda tiveres um bocadinho de arrependimento cravado no teu corpo e coragem, que é sem dúvida o que mais te falta, irás voltar-te para mim e dizer tudo o que ficou entalado na tua garganta, explicando tudo o que ficou nas entranhas da tua realidade. Aí sim, aí falámos. Pode ser que talvez eu venha a compreender, ou talvez até aceitar a intensidade esquisita como foi o teu amor por mim. E caso me perguntes se ainda me lembro de ti, perguntar-te-ei se alguma vez te conheci de verdade. Se me perguntares se ficou algo, dir-te-ei que em quase nada ficou muito. E mesmo que na nossa história tenha havido muitos pontos de interrogação, e que ainda hoje se mantêm de pé, digo-te que em cada pedaço de nada que vivi junto a ti aprendi muito. A tua lembrança ficou guardada num cantinho especial da minha memória. E as cartas que tinham como remetente o teu nome foram dadas como arquivadas. Tive de fugir do teu amor. O amor que tu mesmo mataste. Sim, finalmente consegui dizer-te um adeus firme, sem incertezas nem medos do futuro. Hoje é o dia em que os fantasmas do passado não me assombram. Uma outra vida apareceu dando asas aos meus sonhos. E foi assim que voltei a sorrir e a ser feliz sem ti.
Foste tu. Foi o teu amor. Que morreram. E
m mim. 

                                                                                                                                                         [uma parte do texto não é meu.]

1.9.11

eu, sem tirar nem pôr


'' Eu sou feita de sonhos interrompidos, detalhes despercebidos, amores mal resolvidos. Sou feita de choros sem ter razão, pessoas no coração, actos por impulsão. Sinto falta de lugares que não conheci, experiências que não vivi, momentos que já esqueci. Eu sou amor e carinho constante, distraída até o bastante, não paro por um instante. Já tive noites mal dormidas, perdi pessoas muito queridas, cumpri coisas não-prometidas. Muitas vezes eu desisti sem mesmo tentar, pensei em fugir para não enfrentar, sorri para não chorar. Eu sinto pelas coisas que não mudei, amizades que não cultivei, aqueles que julguei, coisas que falei. Tenho saudade de pessoas que fui conhecendo, lembranças que fui esquecendo, amigos que acabei perdendo. Mas continuo vivendo e aprendendo. ''